segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Umbanda verde: Iniciando a Conversa

Umbanda Verde: União com os Orixás

            Umbanda verde é um termo empregado em várias vertentes da umbanda em todo o Brasil, sempre representando os atos e ritos da religião com o menor impacto ambiental possível. É claro que as questões ambientais estão na moda e isso poderia ser somente mais um modismo também na umbanda, porém, há muito mais ligações da religião com a sustentabilidade do que podemos imaginar. E é disso que se trata essa coluna.
            Bem, antes de explicar em mais detalhes o que vem a ser a UMBANDA VERDE, vamos retomar um ponto de Oxóssi:
“ A mata estava escura,
Uma anjo clareou
No centro da mata virgem
O Seu Oxóssi
Aqui chegou...”
            Esse ponto nos lembra a ligação deste Orixá com a natureza, com a mata. “Oxóssi e Obá são a onda geradora vegetal, com o fator expansor e concetrador”1, respectivamente e estão intimamente ligados às matas e à natureza em geral. Então, ao fazer uma oferenda para Oxóssi em uma mata deve-se ter em mente que o Orixá, por sua energia e regência, estará ligado á oferendas que não agridam ao meio ambiente.
            Mas não é só Oxóssi que está ligado à natureza. Toda a umbanda é uma manifestação natural, quando relacionamos as origens e energias dos Orixás. “O ferro é um dos minérios de Ogum,... a maçã é uma fruta de Oxum”2. Todos os Orixás estão ligados ás forças naturais e ao planeta de alguma forma: Oxum nos rios, Iemanjá no mar, Xangô nas pedreiras, Iansã, Ogum, Oxumaré... Não é possível pensar em um orixá e afastá-lo das forças naturais, são energias intrínsecas, inseparáveis. Assim sendo, é claro e natural que os orixás se ligam às oferendas que não agridem o meio natural, que não causam impactos e estejam livres de agentes poluidores, pois o planeta e o cosmo é seu lar e um não se completa sem o outro. Não é possível imaginar Oxum feliz com uma oferenda poluindo o Seu rio, ou Iemanjá sendo saudada com oferendas de plástico em Seu mar, Iansã feliz com bexigas soltas no ar... O Orixá é uma força natural!
            É necessário repensar os materiais que usamos para as oferendas e ter em mente que a melhor atitude é aquela que não agride o ambiente. Então, não deixe vidro, metal, tecidos, etc. depois de fazer suas oferendas, usem papel de seda, potes de barro, palha, flores e folhas e lembre-se de recolher tudo depois de queimadas as velas. Há várias outras orientações sobre como agir e o que usar e em breve, aprofundaremos esse assunto.

Salve a umbanda, salve o verde!

Fontes: 1 e 2 SARACENI, Rubens. Orixás Ancestrais: a hereditariedade divina dos seres. Inspirado pelo Mestre da Luz Seiman Hanisés Yê. Ed. Madras. São Paulo, 2006


Kelly Cristina da Silva de Oliveira