sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Roda viva

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

Compositor: Chico Buarque

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Campanha de Doação de Sangue: Quantas pessoas você consegue tornar doadores?

Eu fui doar sangue nesta terça-feira 15/12/2015, como faço todo ano: doo 3 vezes ao ano!
Mas ano que vem pretendo fazer outra tatuagem e ficarei 12 meses sem doar.

Então pensei: tenho que arrumar 3 pessoas que não são doadores pra doar a primeira vez por mim em 2016. Se já forem doadores, não conta, pois já iriam doar mesmo!
Mas aí a ideia foi aumentando. Postei uma foto no facebook e marquei alguns amigos e tive a devolutiva que muitos não doam por "passar mal" ter algum impedimento físico, etc.

Então vou lançar um desafio:
Quantas pessoas você consegue tornar doadores?
Quantas pessoas você consegue que se inscrevam para doação de medula óssea?

Vai ser assim, cada doador que conseguir, você ganha um cupon virtual para concorrer a kit Mary Kay, Livros e Filmes... Serão 6 sorteios no ano.
Você comenta este post com foto e o atestado de doador (pra termos certeza da data) e já está concorrendo. Os cupons são cumulativos, ou seja, valem do primeiro ao sexto sorteio.

Vou me organizar melhor (tive a ideia agora e tenho que sair pra um curso) e postarei os prêmios, ranking e datas de sorteio. Estou preparando o primeiro para fevereiro.
Válido pra qualquer cidade do Brasil.

Vamos lá!
Que os jogos comecem! (Eu não resisti)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Como não ser Ministro da Educação

Sobre a declaração de Aloísio Mercadante:


“Mais profissionalização é a resposta do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, à análise de economistas de que falta qualidade ao ensino brasileiro e, sem isso, a economia do país não crescerá de forma sustentada.
A formação dos professores tem que se voltar para a prática, diz: "Se formássemos nossos médicos como formamos nossos professores, os pacientes morreriam".
O ministro critica o desempenho das universidades que preparam os docentes —"principalmente no setor privado"— e diz que o MEC vai exigir contrapartidas para repassar as verbas dos programas federais.
Mercadante afirma que há simpatia à ideia de incluir o ensino profissionalizante no currículo do ensino médio e propõe vincular o Pronatec, de formação técnica, ao EJA, antigo supletivo.
Defende a política de dar prêmios em dinheiro a escolas e professores que atingirem metas e acha que entregar a administração escolar a Organizações Sociais (entidades privadas sem fins lucrativos) pode dar bom resultado.
Não apoia, no entanto, a política de "charter schools", em que escolas privadas recebem do Estado para prestar o serviço da educação gratuita.”
Retirado do Site da Folha: http://m.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1712167-se-pais-formasse-medicos-como-professores-pacientes-morreriam-diz-mercadante.shtml?mobile


Tive que compartilhar pois nunca li algo tão desnecessário e até estúpido, vindo de um ministro da educação, isso é um tiro no pé ( estou parafraseando colegas da escola, pois discutimos isso hoje no HTPC). Já que o problema, ele diz, é a formação do professor, a culpa é dele. Não é mesmo Ministro da Educação? Não seria sua função proporcionar melhor formação para os professores?
Mas esse é só meu primeiro porém... Tem mais!
Esse ministro não me conhece, não conhece amigas minhas que são excelentes profissionais, que como eu, lutam dia após dia contra todos os problemas reais da educação. Esse ministro não conhece minha escola (sim, minha, pois trabalho lá há 16 anos) onde alunos superam dificuldades com a ajuda de seus professores.
Eu sou formada no CEFAM, em História e pós graduada em educação empreendedora. Como esse ministro pode ser referir a mim? É por causa de comentários desse tipo, vindo de um ministro, que os professores não tem valor nesse país. Se um ministro não forma bem seus professores e depois ainda os crítica, como vamos ter respeito e valorização? Como?
E comparar as profissões de professor e de médico é no mínimo ingênuo. O tratamento médico e a educação de uma criança são coisas totalmente diferentes. Com métodos e resultados diferentes.
E ele vem me falar de formação?
OK, vamos falar de formação. Formação de vereadores, deputados, senadores... De ministros, de presidentes... Ora, quanta hipocrisia heim senhor ministro?! Qual foi a última vez que o senhor esteve em sala de aula? Como está agindo perante os desmandos do governador do estado de São Paulo com essa farça de reorganização? Isso também é culpa da má formação? Da má formação de quem? Do governador?

Saiu na Folha, e isso não me dá grande credibilidade, mas eu não poderia deixar de perguntar a todos os meus amigos professores e a todos os meus antigos alunos: O que vocês acham disso?

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Umbanda verde

Umbanda Verde: União com Ibeji

            O hábito de se fazer oferendas não é novo e não foi criado por nenhuma das religiões que existem atualmente, é um costume inerente à humanidade desde as primeiras civilizações humanas. Na Umbanda a oferenda tem significados mais amplos, ligados ao divino, ao natural e ao espiritual, fazendo um equilíbrio e sustentando os procedimentos magísticos, entre eles, as oferendas.
            Como sabemos, um Orixá não bebe e não come, mas conhece toda a ciência dos teores e dos princípios mágicos e energéticos. Todo Orixá é ligado ao Cosmo de alguma forma e assim também à Terra e desta maneira é necessário reavaliar as oferendas, de modo a deixá-las mais próximas do natural. “Nas religiões naturais, de culto a Deus e Divindades na natureza, no geral se pratica a oferenda daquilo que vem da natureza, ou seja, flores, frutos, grãos etc. A Umbanda é uma religião natural.”
            Oferendar também é uma forma de presentear e garrafas, plásticos e copos descartáveis não são presentes. Presenteie com a natureza!
            Este mês é celebrado a alegria de Ibeji e como não podia deixar de ser, as oferendas mais comuns são doces e refrigerantes, sempre com adornos rosa e azuis e brinquedos. Para estas oferendas, a sugestão da Umbanda verde é sempre desembalar os doces, pois as embalagens demoram a se decompor no ambiente, causando sujeira no local da oferenda, o vento desloca-as facilmente e a chuva pode levá-las para tubulações de esgoto; Outra possibilidade é usar papel de seda ao invés de tecidos ou o famoso TNT (tecido-não-tecido). Embora exista TNT biodegradável, ele não é facilmente encontrado e seu custo é mais alto. As velas podem ser brancas, cor-de-rosa e azul-claro e deve-se esperar a queima total quando for feito em jardins ou campos floridos, para evitar acidentes; as fitas e as linhas usadas também podem ser biodegradáveis, que já são bastante comuns; as frutas (uva, pêra, pêssego, goiaba, maçã, morango, cerejas e ameixas) podem ser depositadas sobre folhas naturais; as comidas (doces de frutas, arroz-doce, cocadas, balas, bolos e quindins) podem ser oferecidos em alguidar (prato de barro) ou também sobre folhas naturais; as bebidas (refrigerantes, água de coco e suco de frutas) podem ser oferecidos em copos de barro ou servidos em copos biodegradáveis. Há uma boa opção de copos descartáveis biodegradáveis aqui no Brasil que é o copo a base de mandioca, que não usa componentes do petróleo em sua composição. Porém, o ideal ao fazer a oferenda em um jardim é retirar tudo depois da queima das velas.
            Para as oferendas de brinquedos é ideal oferecer diretamente ao Ibeji incorporado, assim ele fará uso quando quiser. Outra idéia muito comum em terreiros pelo Brasil é fazer a oferenda de brinquedos entre crianças carentes, bem como festas em abrigos ou orfanatos, assim tudo é consumido e os dejetos devidamente encaminhados para coleta.
            A Umbanda é caridade e o umbandista deve se preocupar com o impacto que causa no ambiente, ligando-se cada vez mais aos Orixás.
Salve a Umbanda! Salve o verde!


Me dou o direito

Me dou o direito
De não fazer nada que me sinta obrigada
De sustentar o meu não
De não ficar calada
Quando os desmandos forem sufocantes demais.

Meu dou o direito
De me assumir negra, mesmo que branca na pele
O sangue é negro
E índio
E grego.
Mas primeiro negro,
Com sangue, suor e lágrimas, como já disseram
Com chibatadas, rezas e mandingas
Com mironga e vela acesa.
Pra suportar o cativeiro imposto.
Muito antes do que se via nos livros
Muito antes do que se deixaram contar.
E mesmo índio,
Quando veio a doença, a manipulação e a mentira
Quando veio a fome, a luta e a carne
Canibal de dores tantas
Dores que a história branca contada
Não tira.

Tantas outras sou eu
Na barra da saia da mãe lavadeira
Separando roupa suja
E ganhando os restos.
Vivendo com mínimo
Mas brincando de noite
Com o sorriso da mãe a me olhar.
Uma mãe branca, pobre
Que como tantas mães negras
Carregava trouxa de roupa na cabeça.
Ensinando o que havia aprendido
Em casa de taipa, na roça
Não na escola.
Sou filha de uma mãe que lutou
Contra violências nunca ditas
Choradas no escuro.
Lutou
Pela educação dos filhos,
Pela própria liberdade,
Pelo divorcio,
Pela saúde perdida nas câmaras frias
Pelo direito a ser tratada
Quando o corpo não mais aguenta.

Se somos o resultado da nossa vivência
Ainda não me vejo completa
Tenho voz a gritar
Tenho lágrimas por mim
Por árvores e rios
Por pessoas que nem conheço
Grito
E choro.
Embora nem sempre pareça.
Sorrio também.

Me dou o direito
De gargalhar com a boca aberta
De sentar de perna aberta
De falar palavrão
De apreciar
E só.









segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Umbanda verde: Iniciando a Conversa

Umbanda Verde: União com os Orixás

            Umbanda verde é um termo empregado em várias vertentes da umbanda em todo o Brasil, sempre representando os atos e ritos da religião com o menor impacto ambiental possível. É claro que as questões ambientais estão na moda e isso poderia ser somente mais um modismo também na umbanda, porém, há muito mais ligações da religião com a sustentabilidade do que podemos imaginar. E é disso que se trata essa coluna.
            Bem, antes de explicar em mais detalhes o que vem a ser a UMBANDA VERDE, vamos retomar um ponto de Oxóssi:
“ A mata estava escura,
Uma anjo clareou
No centro da mata virgem
O Seu Oxóssi
Aqui chegou...”
            Esse ponto nos lembra a ligação deste Orixá com a natureza, com a mata. “Oxóssi e Obá são a onda geradora vegetal, com o fator expansor e concetrador”1, respectivamente e estão intimamente ligados às matas e à natureza em geral. Então, ao fazer uma oferenda para Oxóssi em uma mata deve-se ter em mente que o Orixá, por sua energia e regência, estará ligado á oferendas que não agridam ao meio ambiente.
            Mas não é só Oxóssi que está ligado à natureza. Toda a umbanda é uma manifestação natural, quando relacionamos as origens e energias dos Orixás. “O ferro é um dos minérios de Ogum,... a maçã é uma fruta de Oxum”2. Todos os Orixás estão ligados ás forças naturais e ao planeta de alguma forma: Oxum nos rios, Iemanjá no mar, Xangô nas pedreiras, Iansã, Ogum, Oxumaré... Não é possível pensar em um orixá e afastá-lo das forças naturais, são energias intrínsecas, inseparáveis. Assim sendo, é claro e natural que os orixás se ligam às oferendas que não agridem o meio natural, que não causam impactos e estejam livres de agentes poluidores, pois o planeta e o cosmo é seu lar e um não se completa sem o outro. Não é possível imaginar Oxum feliz com uma oferenda poluindo o Seu rio, ou Iemanjá sendo saudada com oferendas de plástico em Seu mar, Iansã feliz com bexigas soltas no ar... O Orixá é uma força natural!
            É necessário repensar os materiais que usamos para as oferendas e ter em mente que a melhor atitude é aquela que não agride o ambiente. Então, não deixe vidro, metal, tecidos, etc. depois de fazer suas oferendas, usem papel de seda, potes de barro, palha, flores e folhas e lembre-se de recolher tudo depois de queimadas as velas. Há várias outras orientações sobre como agir e o que usar e em breve, aprofundaremos esse assunto.

Salve a umbanda, salve o verde!

Fontes: 1 e 2 SARACENI, Rubens. Orixás Ancestrais: a hereditariedade divina dos seres. Inspirado pelo Mestre da Luz Seiman Hanisés Yê. Ed. Madras. São Paulo, 2006


Kelly Cristina da Silva de Oliveira

terça-feira, 3 de março de 2015

Problemas de aprendizagem são culpa de quem?

Quando um aluno chega ao quinto ano, aos 10 anos, ele já passou quatro anos dentro de uma escola. Passou, no mínimo, por quatro professores diferentes, com estratégias e métodos diferentes. Teve contato com livros, cartazes, painéis, filmes, músicas e diversos textos diferentes. Mesmo que seus pais nunca tenham lido pra ele, esse aluno teve contato com as letras porque nosso mundo está repleto delas por todos os lados, ainda mais na atualidade com tanta informação nos cercando, pedindo pra virar conhecimento.
Há tantos alunos que tem acesso à internet e seus afins que fica difícil imaginar como esse aluno de quinto ano pode estar numa situação como a apresentada nas fotos.
Mas chega.

E então eu pergunto: a culpa é de quem?

Escolas foram mudando através dos anos no Brasil, se adaptando aos governos, às políticas, às novas metodologias e sempre se atualizando. Por que isso ainda acontece?

Ainda há escolas em que a rotatividade de professores é grande e é evidente que isso altere o andamento do ensino/aprendizagem. Porém ha muitas escolas, como a que eu trabalho, em que a maioria do corpo docente é regular e permanente. No meu caso, estou há 16 anos na mesma escola e a maioria dos professores está lá há mais de 10 anos. Conseguimos manter uma didática eficaz e contínua, mesmo com a rotatividade da equipe gestora da escola. Os professores passam por capacitações, cursos e treinamentos tanto da Secretaria Municipal de Educação, tanto como de entidades privadas. Conseguimos muitas melhorias no prédio da escola, nos equipamentos e até em materiais.

Por que ainda há tantos alunos com grandes dificuldades de aprendizagem, dislexia, disgrafia e discalculia? Por que ainda há tantos alunos semi alfabetizados aos 9, 10 e 11 anos?

(Continua)