domingo, 23 de abril de 2017

Seletivismo na obesidade

Tenho sofrido muito com o aumento de peso e embora eu não seja obesa, tenho vivido grandes batalhas​ depois que aumentei meu peso em 20 quilos.
Agora venho vivenciando mais um dilema que me causou estranheza embora não tenha sido inesperado. Saí de um local de trabalho para outro e entre as pessoas que trabalham comigo diretamente eu sou a "mais gorda". Como eu nunca tinha tido este título fiquei bem surpresa ao perceber que a obesidade não gera comparações de peso somente de você pra você mesma, que era o que aconteceu comigo. Eu sempre ouvi e vi comentários de como eu tinha engordado e o que tinha acontecido, por que eu havia me deixado engordar tanto... Etc. É claro pra mim que ninguém quer ser gordo, ninguém quer comer demais... Ninguém fala: "Ó puxa, preciso chegar aos 90 kg, setenta não é suficiente"
PQP Parece óbvio pra você, mas acredite, tem gente que pensa assim.
Agora a questão é outra. Eu sou comparada às outras mulheres em peso e se as outras são mais magras, eu sou a "gorda"  e se tem mulheres mais gordas, iguais ou mais magras eu sou só mais uma gordinha. Isso deflagra um outro problema comum entre jovens, mas que não era mais pra estar acontecendo no meu meio etário, por assim dizer. Aos 39 anos estar entre pessoas mais magras ou mais gordas não faz diferença pra mim, mas passei a entender algumas mulheres que sempre estão com pessoas mais gordas que elas. Vejo muito isso e não só em adolescentes.
A identificação pessoal passa pela aceitação social, mas se sentir oprimida a ponto de desejar, as vezes inconscientemente, estar entre mulheres que vão valorizar sua aparência é cruel e deprimente.

Olho no espelho e não gosto do que vejo, lembro como já fui e me culpo por não conseguir mudar. Busco milagres que sei que não existem. Como a salada fingindo gostar.
Ter mais essa preocupação seria mais um peso e me recuso a buscar consolo no corpo de outras mulheres; me recuso a causar dor como a que sinto ao ser comparada; não quero ser esse agente destruidor de mulheres perfeitas como são, só para que eu me sinta um pouquinho melhor.

As piadas já não me causam graça. Não quero esse conforto fácil sobre uma irmã. Quero ser livre dessa vontade de ser como a revista mostra a mulher; Quero viver além dessa necessidade de estar magra, com cabelo arrumado e roupa nova.

Não perpetue essa ideia. Se você se perceber diminuindo uma IRMÃ por qualquer motivo, pare e repare em si é em como você quer ser tratada.

sábado, 18 de março de 2017

Dança dos Orixás

Parte das apresentações em comemoração do aniversário de São José do Rio Preto, a dança apresentada na represa municipal na quinta - feira 09/ 03/2017 foi pura magia.









quarta-feira, 15 de março de 2017

Mudar também é preciso

Este ano, em fevereiro fez 20 anos que sou professora e trabalho em sala de aula. 18 desses anos foram na mesma escola, a E.M. Dr. Wilson Romano Calil, no Solo Sagrado, periferia de São José do Rio preto. Lá eu cresci e evoluí, mas principalmente fiz parte de uma história, contribuí, construí e plantei. Junto com outros professores maravilhosos ajudei a mudar a escola, melhorar o espaço físico e também o emocional, aguentei desaforos, superei desafios, resolvi problemas. Participei da vida de mais de 600 alunos e pra muitos deles eu fui uma boa orientadora, pra alguns uma amiga e para outros fui a única ajuda em determinado período. 
Durante duas décadas aquele lugar noa foi apenas meu trabalho, mas minha vida.  Acertei e errei, como errei. Aprendi. Me envolvi demais, participei de vidas. Isso jamais vai mudar. 
Quando resolvi tentar a remoção foi porque senti que minha contribuição para aquela escola e aquela comunidade onde cresci já havia chegado ao fim. Saí com a certeza de dever cumprido e de que as vidas com que cruzei ali puderam contribuir para meu crescimento e, espero, que eu possa ter contribuído para seu crescimento.
Quando consegui assinar o pedido de remoção foi muito difícil, mas quando o resultado saiu foi como se as portas e janelas das possibilidades estivessem se abrindo.
Fui muito bem recebida na nova escola e já me sinto parte da equipe. Tenho muito ainda para acrescentar e também para aprender.
A renovação me fez bem e deixar uma longa e frutífera história pra trás me mostrou as recompensas: hoje recebo recados de mães que pedem a minha volta para a escola, alunos que buscaram minhas orientações e conselhos.
A E. M. Prof. Oldemar Stobbe - "Prof. Zizo" é meu novo projeto profissional. Estou entrando na sua história e espero ser muito producente e útil.

Recomendo os blogs das duas escolas: 
http://escolawrcalil.blogspot.com.br/
http://escolamunicipalprofzizo.blogspot.com.br/

quarta-feira, 8 de março de 2017

Dia Internacional da Mulher

Você já deve conhecer a história da instituição do dia da mulher. Ou não. Mas tem muitos sites e blogs capacitados que contam os fatos em várias partes do mundo.
O que quero aqui é apresentar algumas mulheres audaciosas do Brasil, pois vi muita informação sobre mulheres do mundo, mas poucas sobre brasileiras.

Carolina Maria de Jesus
A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus durante noite de autógrafos do lançamento de seu livro "Quarto de Despejo", em uma livraria na rua Marconi, em São Paulo, em 1960
Eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos. A metáfora é forte e só poderia ser construída dessa forma, em primeira pessoa, por alguém que viveu essa condição. Relatos como este foram descobertos no final da década de 1950 nos diários da escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. Ela é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil.
Nascida em Sacramento (MG), Carolina mudou-se para a capital paulista em 1947, momento em que surgiam as primeiras favelas na cidade. Apesar do pouco estudo, tendo cursado apenas as séries iniciais do primário, ela reunia em casa mais de 20 cadernos com testemunhos sobre o cotidiano da favela, um dos quais deu origem ao livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960. Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.
É um documento sobre o que um sociólogo poderia fazer estudos profundos, interpretar, mas não teria condição de ir ao cerne do problema e ela teve, porque vivia a questão, avalia Audálio Dantas, jornalista que descobriu a escritora em 1958. O encontro ocorreu quando o jornalista estava na comunidade para fazer uma reportagem sobre a favela do Canindé. “Pode-se dizer que essa foi a primeira favela que se aproximou do centro da cidade e isso constituía o fato novo”, relembrou. Ele conta que Carolina vivia procurando alguém para mostrar o seu trabalho.
Uma mulher briguenta que ameaçava os vizinhos com a promessa de registrar as discórdias em um livro. É assim que Audálio recorda Carolina nos primeiros encontros. “Qualquer coisa ela dizia: Estou escrevendo um livro e vou colocar vocês lá. Isso lhe dava autoridade”, relatou. Ao ser convidado por ela para conhecer os cadernos, o jornalista se deparou com descrições de um cotidiano que ele não conseguiria reportar em sua escrita. “Achei que devia parar com a minha pesquisa, porque tinha quem contasse melhor do que eu. Ela tinha uma força, dava pra perceber na leitura de dez linhas, uma força descritiva, um talento incomum”, declarou.
Apesar de os cadernos conterem contos, poesias e romances, Audálio se deteve apenas em um diário, iniciado em 1955. Parte do material foi publicado em 1958, primeiramente, em uma edição do grupo Folha de S.Paulo e, no ano seguinte, na revista “O Cruzeiro”, inclusive com versão em espanhol. “Houve grande repercussão. A ideia do livro coincidiu com o interesse da Editora Francisco Alves”, relatou. O material, editado por Audálio, não precisou de correção. “Selecionei os trechos mais significativos. O texto foi mantido na sintaxe dela, na ortografia dela, tudo original”, apontou.
A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus é autora de "Quarto de Despejo"
Entre descrições comuns do cotidiano, como acordar, buscar água, fazer o café, Audálio encontrou narrativas fortes que desvendavam a vida de uma mulher negra da periferia. Ela conta que tinha um lixão perto da favela, onde ela ia catar coisas. Lá, ela soube que um menino, chamado Dinho, tinha encontrado um pedaço de carne estragada, comeu e morreu. Ela conta essa história sem comentário, praticamente. Isso tem uma força extraordinária, exemplificou.
Para Carolina, a vida tinha cores, mas, normalmente, essa não é uma referência positiva. A fome, por exemplo, é amarela. Em um trecho do primeiro livro, a autora discorre sobre o momento em que passa fome. Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos. Para Audálio, o depoimento ganha ainda mais importância por ser real. Um escritor pode ficcionar isso, mas ela estava sentido, disse.
Audálio relata que Carolina tinha muita confiança no próprio talento e já se considerava uma escritora, mesmo antes da publicação. “Quando o livro saiu, a alegria dela foi muito grande, mas era uma coisa esperada”, relatou. O sucesso da primeira publicação, no entanto, não se repetiu nos outros títulos. Após o sucesso de “Quarto de Despejo”, a Editora Francisco Alves encomendou mais uma obra, a partir dos diários escritos por ela quando já morava no bairro Alto de Santana, região de classe média. Surgiu então o “Casa de Alvenaria” (1961) que, segundo o jornalista Audálio Dantas, responsável pela edição do material, vendeu apenas 10 mil exemplares.
Audálio lembra que Carolina se considerava uma artista e tinha pretensões de enveredar por diferentes ramos artísticos. Um deles foi a música. Em 1961, ela lançou um disco com o mesmo título de seu primeiro livro. A escritora interpreta 12 canções de sua autoria, entre elas, O Pobre e o Rico”. Rico faz guerra, pobre não sabe por que. Pobre vai na guerra, tem que morrer. Pobre só pensa no arroz e no feijão. Pobre não envolve nos negócios da nação, diz um trecho da canção.
Para o jornalista, a escritora foi consumida como um produto que despertava curiosidade, especialmente da classe média. Costumo dizer que ela foi um objeto de consumo. Uma negra, favelada, semianalfabeta e que muita gente achava que era impossível que alguém daquela condição escrevesse aquele livro, avaliou. Essa desconfiança, segundo Audálio, fez com que muitos críticos considerassem a obra uma fraude, cujo texto teria sido escrito por ele. A discussão era que ela não era capaz ou, se escreveu, aquilo não era literatura, recordou.
Carolina de Jesus publicou ainda o romance Pedaços de Fome e o livro “Provérbios”, ambos em 1963. De acordo com Audálio, todos esses títulos foram custeados por ela e não tiveram vendas significativas. Após a morte da escritora, em 1977, foram publicados o Diário de Bitita, com recordações da infância e da juventude; Um Brasil para Brasileiros (1982); Meu Estranho Diário; e Antologia Pessoal (1996).


https://educacao.uol.com.br/biografias/carolina-maria-de-jesus.htm

Mãe Menininha do Gantois
 Escolástica Maria da Conceição Nazaré, filha de Oxum, era do terreiro do Gantois. Considerada a grande mãe-de-santo do Candomblé no Brasil, Menininha do Gantois foi uma grande líder espiritual que ajudou a tornar mais aceita a religião herdada de seus ancestrais africanos.
"Menininha" foi o apelido que a avó deu a menina pobre da periferia de Salvador, que dava aos bonecos improvisados os nomes das divindade do Candomblé: Oxossi, Ogum, Oxum e outros. Além disso, desde pequena gostava de jogar búzios. Era bisneta de Maria Júlia da Conceição Nazaré, que havia fundado, em meados do século 19, o Ilê Iya Omin Axé Iyamassê, mais conhecido como terreiro do Gantois (nome do antigo proprietário francês do terreno).
Sob a orientação das mulheres da família, Menininha foi iniciada nos segredos da religião africana e preparada para o cargo que assumiria no futuro, de ialorixá (mãe-de-santo, na língua ioruba). Menininha trabalhou como costureira e aos 29 anos, casou-se com o advogado Álvaro McDowell de Oliveira, descendente de ingleses, com quem teve duas filhas, Cleusa e Carmem.
Com a morte de sua tia-avó, mãe Pulchéria, segunda ialorixá a governar o Gantois, menininha assumiu a responsabilidade de administrar um dos terreiros mais antigos de Salvador, formar filhos-de-santo e ser a líder espiritual de centenas de pessoas.
Em 1924, prestes a completar 30 anos, Menininha mudou-se para o Gantois junto com o marido e a filha mais velha. A partir de então, passou a ser conhecida como Mãe Menininha do Gantois. Na época enfrentou preconceitos e perseguições e teve que se impor com sabedoria. Segundo a lei, as festas só poderiam ser realizadas em determinados horários e mediante uma autorização por escrito. Mas isso, não impedia que os policiais invadissem os terreiros, com violência.
Os anos de opressão só terminaram em 1976, quando o então governador da Bahia, Roberto Santos, sancionou um decreto liberando as casas de Candomblé da obtenção de licença e do pagamento de taxas à delegacia de Jogos e Costumes. Com o passar do tempo, a popularidade de Mãe Menininha foi crescendo. Nos anos 80, turistas, políticos, artistas e intelectuais a procuravam em busca de conselhos, orientações ou informações para suas pesquisas.
A ialorixá também recebia as pessoas humildes e sempre oferecia café ou comida aos visitantes, fossem eles pobres ou chefes-de-Estado. Sua aversão à fama não impediu que recebesse diversas homenagens, especialmente de artistas e amigos ilustres. Entre elas, a mais conhecida é a música "Oração a Mãe Menininha", que Dorival Caymmi compôs em 1972.

https://educacao.uol.com.br/biografias/mae-menininha-do-gantois.htm


Luz Del Fuego
 Luz del Fuego, nome artístico de Dora Vivacqua, (Cachoeiro de Itapemirim, 21 de fevereiro de 1917 — Rio de Janeiro, 19 de julho de 1967) foi uma bailarina, naturista e feminista brasileira. Dora foi a décima quinta filha de Etelvina e Antonio Vivacqua, de famílias oriundas da imigração italiana no Espírito Santo. Foi irmã do senador Attilio Vivacqua. Luz del Fuego teve sua vida levada para o cinema em um filme estrelado por Lucélia Santos, que no entanto não retrata nem de perto o que foi a vida desta lutadora. Dança - Em 1944 inicia suas apresentações como bailarina, usando o nome artístico "Luz Divina", no picadeiro do circo "Pavilhão Azul".
 Posteriormente por sugestão do amigo e palhaço Cascudo, mudaria o nome para Luz del Fuego, nome de um batom argentino recém-lançado no mercado. Ele acreditava que o nome em espanhol atrairia o público.Depois de um tempo estudando na Europa, Luz del Fuego volta ao Brasil em 1950 e começa a revolucionar os costumes do povo brasileiro.
Naturismo
Ela traz da Europa algo que de imediato associou com a história dos primeiros brasileiros (os índios). Luz del Fuego apresentava-se seminua com uma ou às vezes duas cobras jibóias enroladas em seu corpo e ficou muito famosa em sua época. Adepta da alimentação vegetariana e do nudismo, não fumava, nem ingeria bebidas alcoólicas e, através de uma concessão da Marinha, obteve licença para viver na ilha Tapuama de Dentro, que foi por ela rebatizada como "Ilha do Sol" e onde fundou o primeiro clube naturista do Brasil, o "Clube Naturalista Brasileiro".
 Luz del Fuego, devido a sua coragem para enfrentar o preconceito de sua época com relação ao nudismo, e pelo pioneirismo na criação do primeiro clube naturista do Brasil, tem hoje sua data de nascimento, 21 de fevereiro, lembrada e comemorada entre os naturistas brasileiros, como "Dia do Naturismo".
 Sua famosa frase que retrata bem o seu pensamento: “Um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade do corpo humano. Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem esconder”.
 Na primeira metade dos anos 50 ela fundou um Partido Político chamado Partido Naturalista Brasileiro e se candidatou a Deputada Federal por este partido.
 Importante observar que atualmente, o termo naturalismo é apropriado para quem é especialista em história natural, ficando o termo naturismo associado para as pessoas que praticam o chamado "nudismo social".
Morte
Em 1967, Luz del Fuego e seu caseiro foram assassinados, seus corpos foram amarrados em pedras e depois lançados para o fundo do mar. Após a sua morte, a Ilha do Sol voltou a ficar desabitada. A construção resiste ao tempo, com as paredes e a laje em perfeitas condições, onde inclusive, ainda se podem ver desenhadas na laje as duas cobras que ajudaram a eternizar a imagem da dançarina.
 De acordo com o depoimento de Alfredo Teixeira Dias, revelou-se que no dia 19, por volta das 18 horas, partiu com o irmão para a Ilha do Sol, onde não puderam desembarcar porque os cães da ex-vedete logo notaram a presença de estranhos. Conseguiram entretanto, com todo cuidado, cortar a corda que amarrava uma canoa de Luz del Fuego. Levaram-na até a Ilha das Capuanas, já planejando atrair a ex-vedete para uma armadilha.
 Mozart Gaguinho gritou então, chamando Luz del Fuego, que logo apareceu, de calça, à beira do cais, com um revólver calibre 38 na mão e perguntando o que “havia”. Gaguinho respondeu que a sua canoa se afastara.
 Disse Alfredo que Luz del Fuego não relutou em embarcar na canoa dos dois, a fim de recuperar a dela. Pouco depois, Mozart Gaguinho pediu que Luz del Fuego lhe entregasse a arma. Nesse momento, Alfredo deu uma pancada em sua cabeça, com um cacete. Em seguida, mais dois golpes fatais.
 Deixaram o corpo na Ilha das Capuanas de Baixo e voltaram à Ilha do Sol, onde chamaram o vigia Edgar. Pediram que êle trouxesse uma corda e um remo, a fim de que a canoa de sua patroa fosse rebocada. Edgard, segundo disse Alfredo, não veio com os objetos solicitados, mas com uma foice. Hesitou um pouco, mas decidiu entrar no barco de Alfredo e Gaguinho, sentando-se entre os dois.
 Os dois cadáveres, colocados em uma baleeira com algumas manilhas e duas enormes pedras, depois de retiradas as vísceras, à faca, foram ao fundo a 200 metros da Ilha do Sol para onde, em seguida, Alfredo e seu irmão se dirigiram, assaltando a casa da vítima. Levaram para a Ilha do Pontal tudo que haviam encontrado de valor - uma radiovitrola, dois rádios de pilha portáteis, uma máquina de costura e NCr$ 80,00 (oitenta mil cruzeiros antigos) , encontrados numa bolsa, sob um travesseiro. Apanharam ainda um lampião a gás, várias tarrafas de nylon, um binóculo e os óculos de Luz del Fuego.
 Afirmou ainda Alfredo que, na madrugada do dia 21, Mozart Gaguinho o levou da lha do Pontal para a Ilha do Governador.
 Disse que há cerca de sete meses, Luz del Fuego indicou à Polícia o lugar onde êle, foragido do Presídio-Geral do Estado, estava escondido. Entretanto, Alfredo conseguiu “enganar as autoridades”. Quanto ao irmão, Luz del Fuego entregou-o certa vez à Polícia Marítima, que só não o prendeu devido a uma interferência do guarda portuário Hélio Luís

Legado
Seu legado permanece até hoje, e o naturismo brasileiro tem grande orgulho de ter Luz del Fuego como uma de suas personagens históricas.
 Também o movimento feminista brasileiro deve muito a esta mulher de garra que na década de 50 já lutava pela liberdade feminina, sendo muito conhecida uma frase que repetia, a de que "daqui a 50 anos serei lembrada", talvez porque já naquele tempo conhecesse as propriedades medicinais da Helioterapia e Aeroterapia.

http://www.oarquivo.com.br/extraordinario/pessoas-especiais/1497-dora-vivacqua.html



Maria Quitéria
 Diz-se que o soldado Medeiros, que em 1822 juntou-se às tropas que combatiam os portugueses no movimento de Independência do Brasil, era muito hábil com as armas, disciplinado e audacioso. Se por essas características qualquer combatente já mereceria destaque, um detalhe o fazia ainda mais singular. O soldado Medeiros era na verdade uma mulher: Maria Quitéria de Jesus Medeiros, a primeira brasileira a integrar uma unidade militar no País.
Nascida provavelmente em 1792 na Comarca de Nossa Senhora do Rosário, em Feira de Santana (BA), filha de um fazendeiro da região, Maria Quitéria teve uma infância livre e feliz até a morte de sua mãe, quando teve que assumir a tarefa de cuidar dos dois irmãos mais novos. Em 1822, os partidários da Independência do Brasil começaram a percorrer a Bahia à procura de voluntários e doações para a luta contra os portugueses.
Ao saber da convocação, pediu permissão ao pai para se alistar, mas ele não deixou. Ela então se disfarçou de homem, tomando roupas emprestadas do cunhado e, contra a vontade do pai, alistou-se no regimento de artilharia, como o soldado Medeiros. Depois foi transferida para a infantaria e passou a integrar o Batalhão dos Voluntários do Imperador, tornando-se a primeira mulher a pertencer a um unidade militar no Brasil.
Duas semanas depois, foi descoberta pelo pai, que a procurava. Entretanto, devido à facilidade com que manejava as armas e por sua disciplina, o major Silva e Castro não permitiu que ela fosse desligada do grupo. Maria Quitéria conquistou o respeito dos companheiros, assumiu a sua condição feminina e não precisou mais usar roupas masculinas. Destacou-se pelo seu entusiasmo e bravura. Sua luta influenciou outras mulheres, formando um grupo feminino liderado por ela.
Depois que D. Pedro I declarou a Independência do Brasil, em 7 de setembro, as tropas portuguesas continuaram lutando no País. Na batalha que ocorreu na foz do rio Paraguaçu, em solo baiano, o grupo de mulheres comandadas por Quitéria se destacou. Quando os portugueses foram derrotados, em julho de 1823, Maria Quitéria foi reconhecida como heroína das guerras pela Independência e homenageada pelo imperador, recebendo o título de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro.
Mesmo com roupas de soldado, muitos cronistas da época diziam que Maria Quitéria mantinha sua feminilidade e tinha uma beleza marcante. Diz-se também que usava uma farda azul com um saiote que ela mesma havia feito e um capacete com penacho. Sua independência pessoal serviu de incentivo para os futuros movimentos feministas.
Apesar de suas lutas e conquistas pelo País, Maria Quitéria passou a viver no anonimato após o casamento com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, antigo namorado, com quem teve uma filha, Luísa Maria da Conceição. Depois da morte do marido, foi para Feira de Santana tentar receber parte da herança do pai, mas desistiu do inventário. Mudou-se com a filha para Salvador, onde ficou progressivamente cega e faleceu em 1853.
Maria Quitéria é patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. Em 1953, aos cem anos de sua morte, o governo brasileiro decretou que o retrato de Maria Quitéria fosse inaugurado em todos os estabelecimentos, repartições e unidades do Exército do Brasil.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/defesa-e-seguranca/2012/04/maria-quiteria




Maria Felipa, a Heroína Negra da Independência
Maria Felipa retratada por Filomena Orge com base em relatos orais.
A “Heroína Negra da Independência”, é assim que Maria Felipa de Oliveira é conhecida pela população da Ilha de Itaparica, mas quem é essa figura sobre a qual pouco ou quase nada se conhecia?
Sua história ficou preservada na memória da população insular. Segundo os relatos, Maria Felipa viveu na Ponta das Baleias, no Convento, casarão que tinha esse nome “porque abrigava [...] os que só tinham de seu o sol e a lua [1]. É descrita como uma negra alta e forte, que vestia saias rodadas, bata, torso e chinelas.
Liderando um grupo de mulheres e homens de diferentes classes e etnias, fortificou as praias com a construção de trincheiras, organizou o envio de mantimentos para o Recôncavo e as chamadas “vedetas” que eram vigias nas praias, feitas dia e noite, a fim de prevenir o desembarque de tropas inimigas além de participar ativamente de vários conflitos.
Durante as batalhas, seu grupo ajudou a incendiar inúmeras embarcações: a Canhoneira Dez de Fevereiro, em 1º de outubro de 1822, na praia de Manguinhos; a Barca Constituição, em 12 de outubro de 1822, na Praia do Convento; em 7 de janeiro de 1823, liderou aproximadamente 40 mulheres na defesa das praias de Itaparica. Armadas com peixeiras e galhos de cansanção surravam os portugueses para depois atear fogo aos barcos usando tochas feitas de palha de coco e chumbo.
Citada claramente por alguns autores como Xavier Marques no romance histórico O Sargento Pedro e pelo historiador Ubaldo Osório em A Ilha de Itaparica. A história de Maria Felipa pode bem ter sido inspiração para a Maria da Fé de Viva o Povo Brasileiro, obra de João Ubaldo Ribeiro.
Diferente das outras heroínas do panteão do 2 de Julho, Maria Felipa transgrediu os padrões impostos pela sociedade por ser mulher e liderar um grupo armado e, sendo negra e pobre, reivindicar direitos mesmo após o fim da guerra.
Na primeira cerimônia de hasteamento da bandeira nacional, após a derrota definitiva dos portugueses, na Fortaleza de São Lourenço em Ponta das Baleias, Felipa e seu grupo do qual são conhecidas Joana Soaleira, Brígida do Vale e Marcolina, invadem a Armação de Pesca de Araújo Mendes, português abastado, e surram o vigia Guimarães das Uvas, evidenciando que as lutas da população itaparicana não haviam terminado. Esse evento demonstra também a hostilidade que havia entre a população brasileira, principalmente negra e mulata e os lusitanos que resultavam em conflitos denominados mata-marotos.

Ilustração de Bruno Aziz para a edição de 02 de julho de 2009 do jornal "A Tarde"
Mulher, pobre, negra, marisqueira, essas são características não só de Maria Felipa, mas de um grupo que teve participação significativa no processo de libertação da Bahia, mas que permanece, sob vários aspectos, ignorado.
Ela é um símbolo de resistência, de uma população que mesmo notificada para deixar a ilha pelo governo de Cachoeira, preferiu permanecer e lutar pela sua liberdade. Numa passagem do romance O Sargento Pedro, os homens estão se preparando para um ataque português e Maria Felipa segura uma tocha para que os pescadores cavem uma trincheira, um deles diz “Estou cavando a minha cova…” e é imediatamente retrucado por ela “Cava, mas não p’ra ti. . .”[2]
Mesmo sem comprovação documental sobre Maria Felipa, sua existência já está registrada pela população itaparicana, através da memória que lhe confere diferentes significados, para estas pessoas ela é um personagem real inserido em suas histórias de vida e realidade social.

BIBLIOGRAFIA
AMADO, Janaína. O Grande mentiroso: tradição, veracidade e informação em história oral. História. São Paulo, n. 14, p. 125-136, 1995.
FARIAS, Eny Kleyde Vasconcelos de. Maria Felipa de Oliveira: heroína da independência da Bahia. Salvador: Quarteto, 2010.
MARQUES, Xavier. Sargento Pedro: tradições da independência. 2. ed. Salvador: Catilina, 1921.
REIS, João José; SILVA, Eduardo. Negociação e Conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
RIBEIRO, João Ubaldo. Viva o Povo Brasileiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
TAVARES, Luis Henrique Dias. História da Bahia. 10. ed. Salvador; São Paulo: UNESP; Edufba, 2001.
______. Independência do Brasil na Bahia. Salvador: EDUFBA, 2005


Fonte: http://osheroisdobrasil.com.br/herois/maria-felipa-a-heroina-negra-da-independencia/



Luísa Mahin
Nascida em Costa Mina, na África, no início do século XIX, Luísa Mahin foi trazida para o Brasil como escrava. Pertencente à tribo Mahi, da nação africana Nagô, Luísa esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX.
Quituteira de profissão, de seu tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838). Caso o levante dos malês tivesse sido vitorioso, Luísa teria sido reconhecida como Rainha da Bahia.
Como negra africana, sempre recusou o batismo e a doutrina cristã, e um de seus filhos naturais, Luís Gama (1830-1882), tornou-se poeta e um dos maiores abolicionista do Brasil. Descoberta, Luísa foi perseguida, até fugir para o Rio de Janeiro, onde foi encontrada, detida e, possivelmente, deportada para Angola, Não existe, entretanto, nenhum documento que comprove essa informação.

Fonte: http://www.palmares.gov.br/?p=26662




Dandara
Guerreira do período colonial do Brasil, Dandara foi esposa de Zumbi, líder daquele que foi o maior quilombo das Américas: o Quilombo dos Palmares. Com ele, Dandara teve três filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton. Valente, ela foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII e auxiliou Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa da quilombo.
Não há registros do local onde nasceu, tampouco da sua ascendência africana. Relatos e lendas levam a crer que nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos Palmares enquanto criança. Ela foi uma das provas reais de que a mulher não é um sexo frágil. Além dos serviços domésticos, plantava, trabalhava na produção da farinha de mandioca, caçava e lutava capoeira, além de empunhar armas e liderar as falanges femininas do exército negro palmarino.
Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando o que estava em jogo era a segurança do quilombo e a eliminação do inimigo. Ela defendia que a paz em troca de terras no Vale do Cacau, que era a proposta do governo português, seria um passo para a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão. Suicidou-se depois de presa, em seis de fevereiro de 1694, para não voltar na condição de escravizada.

http://www.palmares.gov.br/?p=33387





Leolinda Daltro, a Mulher do Diabo
Foi esse o apelido que chicoteou Leolinda Daltro nas ruas: Mulher do Diabo. Em 1909, num país densamente católico, ser a “mulher do diabo” equivalia a ser separada, ser ousada, falar de política, ser feminista, ter amizades masculinas, questionar o catolicismo, reclamar o voto, se preocupar com índios, doutrinar. Leolinda cumpria criteriosamente todos esses requisitos.
Nascida na Bahia em 1860, não deixou que nada a fixasse ao solo: sabe-se que teve cinco filhos, todos criados por familiares, enquanto Leolinda percorria o Brasil disseminando ideais. Indigenista, defendia até a exaustão que os índios brasileiros fossem incorporados ao restante da sociedade, apoiando uma escolarização laica, que fugisse totalmente dos padrões jesuítas ainda presentes no Brasil. Num momento onde a questão do quê fazer com o índio era dividia em duas lógicas (ou dizimá-los sob argumento de “população estranha e inútil”, ou catequizá-los, aculturando-os totalmente), a alternativa de Leolinda era em favor da vida e da contribuição social do índio, e da manutenção – ainda que reduzida – das suas práticas culturais.
Traçou um ambicioso projeto de penetrar nos sertões e educar os índios às suas custas e providências. O projeto incomodou os dois pilares da elite brasileira à época: a Igreja e os proprietários de terra. O trabalho de Leolinda foi se tornando insustentável, mas a professora seguiu sua jornada até 1897, sendo exposta ao ridículo e ironizada em todas as cidades que passava. Precursora das discussões iniciais da questão indígena no Brasil, não ficou só no discurso: usou de seu corpo e recursos para pulverizar seu plano alternativo às ideias vigentes. No entanto, quando o Serviço de Proteção ao Índio foi criado (1910), bem depois de suas excursões pedagógicas pelo Brasil, Leolinda não foi convidada a integrá-lo.
Fundou o Partido Republicano Feminino antes mesmo que as mulheres pudessem votar, tamanha sua ânsia por inserir a pauta da mulher no desenvolvimento político brasileiro. Pouco antes, entrara com pedido de alistamento eleitoral, que foi veementemente negado. Para pressionar o governo, fundou o partido. Junto da amiga e também ativista Orsina Fonseca, criou a Linha de Tiro Orsina Fonseca, no intuito de prover treinamento com armas de fogo para mulheres, inexistente à época. Em 1918 foi acusada por um leitor do Jornal do Brasil de estar “interessada na masculinização de seu adorável sexo”. Dado seu direito de resposta pelo jornal, ironizou-o de neurastênico e “Adão zangado”. Este, infelizmente, não foi o único desacato que Leolinda enfrentou.
Durante toda sua vida política, como feminista, Leolinda conviveu com uma das mais aterradoras armas contra a voz da mulher: o ridículo. Apontada na rua, alcunhada em ironias e em risadas, Leolinda atou sob os olhares gozadores de quem a achava ingênua por sua luta, “digna de dó”. Sabe quando você precisa ser firme, e a chamam de “louca de TPM”, ou quando age com mansidão, e a intimidam como “mulherzinha que não aguenta pressão”? Essa foi toda a vida de Leolinda. Num período da história em que as condenações massacravam as manifestações de apoio.
Declarou-se uma mulher feliz e plena ao saber, em 1932, três anos antes de sua morte, que o voto feminino estava instituído. Seu livro Da Catequese dos índios no Brasil – Notícias e documentos para a História relata sua luta pelos povos indígenas a partir de seus registros e anotações do Sertão. Morreu num acidente de carro, em 1935.
Em 2013, o estado do Rio de Janeiro instituiu o Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro, condecorando a cada ano dez mulheres de destaque na defesa dos direitos e da representação feminina.

https://asminanahistoria.wordpress.com/2015/09/29/leolinda-daltro-a-mulher-do-diabo/


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